sábado, 9 de abril de 2011

diz isso em Brasília...

Outro dia desses, em um evento que eu participava, me perguntaram se eu já tinha sofrido bullying. No mesmo dia, houve a chacina do colégio Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro. Pelo que parece, um jovem entrou armado na sua ex-escola e assassinou treze crianças. No final de tudo, Wellington Menezes (nome do assassino) deixou uma carta de "despedida" e se suicidou. Comecei a comparar e pensei:
-"Será que ele, o Wellington Menezes, sofreu bullying quando criança? Será?"
Afinal, muitas das desculpas que alguns assassinos usam hoje em dia é que sofreram bullying quando eram crianças.
Pois bem. Agora todo culpado por suas atitudes poderá responder que "sofreu bullying quando era criança". Até mesmo se ele não tiver sofrido, pode dizer que sofreu que é capaz de subir no conceito do juiz. É! O Brasil é assim mesmo. Vai virar moda dizer que "sofreu bullying quando criança". Na verdade, bullying virou desculpa para fazer merda. Vai começar por mim:
-"Eu depilei o meu gato porque sofri bullying quando era criança na escola."
Ok, ok. Eu não sofri bullying quando era criança. Sim, tive os meus problemas quando criança na escola (nas escolas). Fui expulso de mais de seis escolas. Eu não era um garoto normal (nem um pouco). Mas também, por mais que algumas pessoas me excluíssem da turma, me deixassem de fora, implicassem comigo, eu nunca disse que sofri bullying. Afinal de contas, não sei quais são os critérios para o bullying.
Mas de uma coisa eu sei:
-"Eu sempre me aceitei do jeito que sou. Gordo, sem graça, feio, babacão, infantil, meio mongolóide, sempre me aceitei."
Nunca me fiz de pobre coitado. Sim, tive uma vida meio difícil, uma situação financeira nada boa (péssima, para ser sincero). Mas continuei sempre sendo assim, meio bobo e feliz por nada.
Eu tento entender as atitudes de algumas pessoas, tais como a do Wellington. Devem ter sido pessoas criadas (infelizmente) em condições muito (muito mesmo!) piores do que a minha. É claro que isso não justifica, mas que explica, explica.
Sim, tenho pena do pobre Wellington. Não consigo compreender. Algum motivo ele deveria ter. Pois até mesmo os "loucos de pedra" têm motivos para as suas atitudes. Isso que determina o porquê que são loucos. Seus motivos não têm fundamento nenhum, nenhuma base. Já nós, nós "seres-racionais", temos um fundamento (crível) nas nossas atitudes. Ah, sim! Maldade não justifica nada, pois há muita gente que em plena consciência faz as mesmas coisas que o Wellington fez ou até mesmo piores. O jeito de rever essa situação é melhorar a educação e a miséria. E claro, abaixar o preço do arroz e do feijão. Parece fácil, não? É... diz isso em Brasília...