quarta-feira, 17 de agosto de 2011

eu nunca plantei uma árvore

Eu nunca plantei uma árvore. Nunca. Devo ter matado milhares delas, mas plantar, plantar mesmo, nunca. Eu já abracei uma árvore, eu já desenhei uma árvore, já sonhei com uma árvore, já filmei com uma árvore, mas plantar, plantar mesmo, nunca. Eu deveria me matar de vergonha por nunca plantar uma árvore. Como eu disse, matei milhares, mas plantar, plantar mesmo, nunca.
Mexer com a natureza é fácil, super fácil. É só dizer que depois, anos lá na frente, a ciência irá salvar tudo e todos. E essa é uma resposta usada por muitas pessoas. As pessoas nem pensam em lixo espacial, nem pensam o quanto sujam e o quanto estragam o meio-ambiente. Pra quê? Elas vão morrer em 2012 mesmo, né? Pra quê se preocupar com uma simples e mera árvore que um dia, sem mais nem menos, vai morrer do mesmo jeito? Pra quê pensar na possibilidade de que as árvores são também o hábitat de animais, né?
Para os americanos, as árvores só servem para os roedores 'Tico e Teco' morarem. Só. E mesmo assim o Pato Donald vai lá e corta aquela árvore para fazer uma fogueira.
Não estou dizendo e nem culpando os americanos, pois nós, brasileiros, fazemos pior. E olha que temos muito mais árvores que os americanos! Dava para habitar todos os 'Ticos e Tecos' do mundo! Todos!
Só estou dizendo que o meio-ambiente é coisa séria, e poucas, pouquíssimas pessoas sabem disso. Bem poucas mesmo. Não me incomoda só a minoria saber, não. Me incomoda é ver a minoria que quer melhorar sofrer por atitudes egoístas da maioria. É isso que me incomoda. Se a maioria quer sofrer, quer destruir o mundo, que destruam o seu mundo! Não venham destruir a nossa única casa.
E é por meio desse veículo de informação que escrevo o quanto me sinto péssimo por nunca ter plantado uma árvore sequer! E é por meio desse veículo de informação que escrevo que irei plantar uma árvore. Uma não, quantas eu conseguir, até morrer. Quem quiser me acompanhar pode se inscrever no site do novo filme da Tainá, a indiazinha mais linda do mundo. É só ir no site do filme da Tainá 3 e plantar uma árvore virtual. Já foram plantadas mais de 10.000 árvores! Os pedidos viram realidade, pois nesse acesso muita gente tem se unido para plantar mais árvores em suas regiões! Muito irado! Gente do Brasil inteiro ajudando nessa campanha! É só entrar no site www.taina3.com.br e se inscrever! Lá tem todas as informações, ensinando tudo direitinho. Vale muito a pena, muito mesmo. Plante a sua árvore no site do filme 'Tainá 3'! E depois veja o filme nos cinemas!
E lá na frente, no meio de casos e acasos, lá na frente quando te perguntarem se você já fez algo de útil na sua vida, responda:

-'Eu já plantei uma árvore. Pra salvar o mundo aonde você vive.'



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

a vida é um filme que passa inteiro na nossa mente em poucos segundos quando estamos prestes a morrer

A vida é um filme que passa inteiro na nossa mente em poucos segundos quando estamos prestes a morrer. E isso aconteceu comigo. Não que eu vá morrer, não agora. Bem, tomara, né? Mas independente disso a minha vida inteira passou pelos os meus olhos. Vi tanta coisa certa, tanta coisa errada, e, incrivelmente, não me arrependo de nada. Se não fosse pelos meus erros e acertos eu não estaria aqui à essa hora descrevendo como foi ver minha vida inteira diante dos meus olhos. Eu me senti naquela música do Raul, "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás". Foi como se até hoje desde que eu nasci tenha passado apenas uma semana e não dezoito anos. Foi rápido. Foi rápido e suficiente para eu ver que ainda não aproveitei nada da minha vida.
Eu ainda não virei a madrugada conversando com os meus amigos! Eu ainda não viajei de carro até à Bahia! Eu ainda não fui calouro! Eu ainda não levei ovada no dia do meu aniversário! Eu ainda não aprendi a tocar guitarra! Eu ainda não tive uma banda de rock! Eu ainda não aprendi a andar de skate! Eu ainda não experimentei 'Sexy On The Beach'! Eu ainda não visitei São Tomé da Aldeia! Eu ainda não aprendi a dirigir! Eu ainda não aprendi a dirigir! Eu ainda não aprendi a dirigir!
Eu ainda não fiz uma porrada de coisa. Infelizmente. E pode ser que eu não as faça. Mas não por motivo de interesse, não. Por motivo de condições. Nem todos tem condições de comprar um carro, nem todos tem condições de passar na faculdade, nem todos tem a oportunidade de pagar uma auto-escola, nem todos tem a possibilidade de comprar uma guitarra. Infelizmente.
Nós vivemos em um país muito desigual. Um país sem escrúpulos, um país sem razão social. Brasil, um nome sem país. Não é Caetano?
E eu não tive muito aonde investir quando eu era mais novo. Sim, tive a ajuda de algumas pessoas que até hoje são inesquecíveis. Podemos até não nos falarmos direito hoje em dia por motivos alheios, mas que essas pessoas são inesquecíveis, ah, isso elas são.
E eu precisei arrumar um grampo para pagar o Tablado (teatro localizado no Rio de Janeiro). Meu primeiro emprego foi com dezesseis anos. E eu era porteiro. O prédio onde a minha avó morava (e era síndica) precisava de um porteiro para o turno das dezesseis horas às vinte duas horas. Minha avó veio me pedir ajuda para por a oferta de emprego nos classificados. Foi nessa hora que eu vi a oportunidade batendo na porta. Era perfeito. Eram poucas horas (pouco se pagava também, bem pouco) e eu receberia bem menos por trabalhar ainda como menor de idade. Ela negou, mas eu fui até o meu pai e expliquei o que aconteceu. Meus pais acharam que seria melhor para mim, que o trabalho enobreceria e que eu criaria mais juízo. Eles falaram com a minha avó e no final das contas ela concordou.
Foram apenas três meses (ninguém me agüentava no prédio!). Eu fui mandado embora do meu primeiro emprego (com dezesseis anos) por justa causa! Por justa causa! Eu saía da portaria para tomar um ar, para refrescar a cabeça e sempre esquecia a chave dentro da portaria, ou seja, eu sempre ficava do lado de fora esperando um morador descer e abrir o portão para eu entrar. Além do mais (meu Deus!), eu deixava as entregas da rua (farmácia, padaria, pet shop, documentos) subirem e entregarem nos apartamentos sem avisar! Eu não interfonava e pedia permissão para o entregador subir! Eu simplesmente falava:

-'Entrega? Pode subir!'

E se fosse um ladrão? Meu Deus, eu estaria desempregado e morto, definitivamente morto! Ainda bem que nunca, nunca nada de ruim aconteceu! Já pensou se sobe alguém para o apartamento duzentos e dois e faz de refém a Dona Laya? Já pensou? Dona Laya, uma senhora de noventa anos! Já pensou se alguém faz a Dona Laya de refém? E de quem ia ser a culpa? Do porteiro, é claro!
Taí outra coisa que eu aprendi como porteiro: 'a culpa é sempre nossa'. Não adianta falar nada, a culpa sempre vai ser do porteiro. Pode ter caído a bolsa de valores de Wall Street, a culpa é do porteiro. O Botafogo perdeu, a culpa é do porteiro. E as pessoas, moradores em geral, sempre põe a culpa mais sem-noção no porteiro. Sempre! Se acabou a água quente, eles ligam depressa para a portaria e falam que a culpa é nossa! Porra! Se o morador não paga a conta do gás a culpa não é do porteiro! Não é! Vai trabalhar pra pagar a conta de gás!
Mas foi muito bom. Muita aprendizagem. Aprendi que só existem dois tipos de pessoas no mundo:

-'As boas e as más.

Só esses dois tipos. Não existe nerd, ator, modelo, budista, judeu, evangélico, ateu, não, não existe magro ou gordo, não existe feio ou bonito, não existe pobre ou rico, não, não existe. Só existem esses dois tipos. Os bons e os maus. Os bons que passam, te cumprimentam, te agradam, conversam com você, os que levam quentinha para você jantar. E os maus, os que passam e nem olham na sua cara, os que mandam você lavar os carros deles e nem sequer te agradecem. Os que só dirigem a palavra a você quando você é realmente necessário. Os que nunca deram um bom dia nem um boa tarde. Os que fazem questão de te derrubar nas reuniões de condomínio. Os que são os primeiros a reclamar mas são os últimos a ajudar. Só existem esses dois tipos. Infelizmente, mas é verdade.
Mas é bom vermos, nos ligarmos nesses dois tipos de pessoas. E sempre aprender com o que a vida oferece. E eu posso tirar muito, muito, muito proveito disso. Foi o que a vida me ofereceu. Enfim, não deu para pagar os outros meses de Tablado, mas mais a frente eu arrumei um outro emprego (que também não deu certo) para tentar continuar pagando. Mas isso eu conto em uma outra hora. Uma outra hora que eu ver minha vida passar diante dos meus olhos de novo.